Acabei de chegar do mercado. Hoje é domingo e queria praticar logo cedo, mas, não foi possível. Peguei minhas sacolas e fui às compras da semana um pouco queixoso por não fazer minha série de asanas. Já na feira, me peguei preso em pensamentos de descontentamento, e me vi isolado das outras pessoas, das bancas, das frutas... do mundo externo.
Foi mágico, mas bastou eu erguer a cabeça e abrir os sentidos que um novo mundo se abriu para mim. De repente me vi cercado de muita gente, quase todas andando, falando, gesticulando. Uma infinidade de expressões, de caras. Um vai e vem sem fim. Todas evitando se esbarrarem, mas todas ali, vivas. Muitos sons em vozes, rizadas, conversas, músicas, e outros. Muitos cheiros em frutas, em lixos, em perfumes e suores. E eu ali, deslumbrado no meio disso tudo. Estava num festival para os sentidos, que minutos antes estavam adormecidos. Encher as sacolas foi só um detalhe desse banquete.
O que me fazia estar isolado do mundo, de tantos estímulos, de tanta vibração? Meus pensamentos. Mais do que isso, meu apego aos pensamentos de lamentação por não fazer o que gostaria, de querer estar em outro lugar. Me perceber preso à eles foi a saída da cela e perceber onde estava, foi ganhar a liberdade.
No yoga e no tantra os sentidos são utilizados como um meio de se estar presente, de sair da cisão de se ter um corpo aqui, mas a mente em outro lugar. Ter a clareza de se estar percebendo, de se estar presente. Isso é possível em qualquer lugar em qualquer circunstância, até mesmo no mercado municipal num domingo de manhã.
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