Estou no final de uma pequena temporada com dengue. Passei alguns dias abraçado a um desconforto sem trégua. No início, pensei que fosse um desses resfriados que nos pegam com as mudanças rápidas de temperatura, até virem as manchas pelo corpo. Além disso, estava numa semana bem puxada, cansativa. Meus horários estavam corridos, o consultório cheio, novas aulas, atendimentos até tarde da noite, aulas bem cedo, e, como sempre, eu fazendo tudo de bike. Nesses dias comi fora do horário, pouco e mal, dormi tarde, acordei cedo e agitado, me cansei, e não descansei o bastante. Estava naquela típica rotina de quem não tem tempo a perder, de quem não pode deixar passar uma oportunidade, de quem... bem, de quem se perdeu!
Imenso é o poder da mente humana, uma fonte inesgotável de criação, mas poucas coisas são tão nocivas quanto uma mente acelerada. Ela quase sempre desconsidera a realidade que a circunda, não consegue sair de si mesma, mantém toda energia voltada apenas para seus projetos e para seus filhos, os pensamentos. É uma fonte de ruídos desconexos, uma perda de contato com o mundo, com a vida e consigo mesmo. Essa talvez seja a dissociação mais básica do ser humano, a separação entre mente/corpo, a experiência de incoerência entre a vivência do corpo e a dinâmica mental.
A dengue passou, mas a lição ficou, preciso praticar mais.
Diante da cisão mente/corpo, nada melhor do que asanas. Eles são uns dos meios do yoga para a integração, para a vivência de unidade, que é o próprio de saúde. No asana a mente está encarnada no corpo, no presente, na pulsação do momento presente.
E então veio minha salvação, fiquei doente, não resisti e caí. Parei, forçado mas parei, que bom, era o que eu precisava. A correria era da minha mente, ela arrastava um corpo que não era percebido, que não era considerado. Fiquei doente e escutei-o, me cuidei, comi, dormi e desacelerei.
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