23 de abr. de 2017

Yoga, meditação e as práticas integrativas no SUS





             No ultimo dia 28 de março o Ministério da Saúde incluiu 14 novas práticas integrativas como opção para os usuários do SUS, entre elas estão o yoga e a meditação. Esta lista de práticas, que já disponibilizava para o usuário os cuidados da homeopatia, fitoterapia, medicina tradicional chinesa, antroposofia e termalismo, foi enriquecida agora com yoga, meditação, reiki, ayurveda, shantala, biodança, dança circular, arteterapia, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia e terapia comunitária. Essa proposta de inclusão de práticas integrativas já vem ocorrendo no SUS desde 2006 com a implantação do Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), programa que insere-se como um desdobramento da anterior Política Nacional de Humanização (PNH). Esse movimento é um esforço do Ministério da Saúde, e dos profissionais da saúde, para rever e ampliar os clássicos conceitos sobre saúde, doença e cuidados com o paciente, e a inclusão de práticas e saberes milenares não ocorre por acaso, haja visto a perspectiva profundamente integradora que essas abordagens apresentam. Intenciona-se assim diminuir custos com internações, procedimentos e medicações, além de despertar no paciente a noção de responsabilidade por seu tratamento e cuidados com a saúde não apenas no aspecto físico, mas também no emocional, social e espiritual. Mais do que o tratamento de sintomas, essa proposta busca a prevenção e a promoção da saúde integral dos sujeitos.

        A inclusão do Yoga e da meditação entre várias outras milenares práticas integrativas no SUS é motivo de comemoração, pois estas duas práticas, intimamente envolvidas entre si, são recursos simples e acessíveis e produzem efeitos realmente transformadores em seus praticantes, dados que se confirmam cada vez em maior escala por pesquisas científicas. E esse é exatamente um dos motivos da comemoração, pois com a inclusão oficial no programa oferecido pelo SUS essas práticas acabarão ganhando maior enfoque das pesquisas e estudos nacionais (pelo menos é o que se espera!). A própria nomeação utilizada já expressa esse novo status, de práticas alternativas (algo exóticas e ou marginais) para práticas integrativas e complementares (recursos válidos e em igualdade e parceria com os hegemônicos). Esse reconhecimento só ocorre após estudos e pesquisas sobre os efeitos dessas práticas, que ganham assim legitimidade dentro do universo da saúde, ou seja, passam a estar mais presente em clinicas, hospitais, ambulatórios...

            Porém, o mesmo motivo de comemoração é também motivo de cautela, pois o yoga, assim como as demais práticas e saberes tradicionais, não precisa e nem deve ser abordado apenas após “aprovação” e “versão” científica, situação essa que pode produzir descaracterizações e profundo encolhimento das intenções originais. Assim, yoga e meditação podem ser utilizados como recursos terapêuticos para a recuperação e prevenção de variados distúrbios físico emocionais, como ferramentas para o bem estar e a melhoria na qualidade de vida. Pode-se, por exemplo, conseguir ótimos resultados no tratamento de casos de insônia sem o uso de medicações. Isso é muito desejável e que cada vez mais pessoas possam ter acesso e desfrutar desses cuidados, mas vale lembrar que as intenções do yoga vão bem além do que entendemos como bem estar e qualidade de vida. Por limitação de paradigma, e consequentemente de pesquisa, são justamente essas intenções “além” que ficam fora da maior parte dos estudos, e que acabam sendo diluídas e suprimidas nas práticas mais focadas no bem estar e alívio de sintomas. Pode-se dizer que esta seria uma nova versão do yoga contemporâneo, talvez mais adaptada e adequada ao público urbano ocidental. Ao mesmo tempo, é nessa forma de prática que muitos descobrem as intenções reais do yoga e da meditação, descortinando quase que sem querer um novo modo de entender a si mesmo e a vida. Comigo também foi assim. Chega-se procurando alívio para uma dor de cabeça e encontra um caminho para a alma...


         Boas vindas às diversas práticas integrativas e seus respectivos profissionais! Há muito trabalho a ser feito, há muito o que aprender e oferecer. Saudações e boas vindas aos saberes tradicionais e seus milenares caminhos de luz! Que cada vez mais seres possam encontrar nesses caminhos os benefícios que precisam e desejam. Que todos possamos desfrutar da saúde integral!

Marcos Taschetto