“Era uma vez um pedreiro muito pobre que ganhava a vida trabalhando numa pedreira. Um belo dia, após muitas orações, um gênio apareceu para ele e lhe concedeu um desejo, e excepcionalmente, este pedido poderia ser trocado por outro.
De imediato o pedreiro pediu para ser muito rico, e assim foi. Já rico e perdido entre tanto ouro e outros tesouros percebeu que faltava algo. Como tirar proveito daquilo tudo? Pediu então ao gênio que o transformasse em um nobre, e assim foi.
Já como um nobre que usufruía de muito luxo e requinte, percebeu que faltava algo. Ele obedecia ao rei que tinha mais poder do que ele e a quem todos reverenciavam. Pediu então ao gênio que o transformasse em rei, e assim foi.
Já sendo um poderoso rei dono de um lindo castelo com muitos súditos, percebeu que faltava algo. Um dia passeando pelos jardins do castelo sentiu o calor e a luz do sol, e lhe veio a certeza: era isso o que queria! Pediu então ao gênio que o transformasse no sol, e assim foi.
Já como o sol, radiante e senhor dos céus, foi surpreendido por uma grande nuvem que o encobriu. Vendo que a nuvem tinha mais poder que ele, pediu então ao gênio que o transformasse numa nuvem, e assim foi.
Já como uma grande nuvem que ocupava quase todo o céu, se viu sendo levado pelo vento que soprava livremente para onde queria. Como não tinha nenhum controle sob a direção do vento, pediu rapidamente ao gênio que o transformasse em vento, e assim foi.
Já soprando livremente pelos céus como o poderoso vento, se viu agora barrado por uma grande e intransponível montanha. Como nada podia diante dela, pediu depressa ao gênio que o transformasse em montanha, e assim foi.
Já sendo a majestosa montanha começou a sentir uma dor terrível que vinha em pontadas lá de sua grande base. Quis saber o que provocava essa dor, quem era mais forte que a montanha e pediu ao gênio que o transformasse nessa força, e assim foi.
E o gênio transformou-o de novo no pedreiro que trabalhava em uma pedreira.”
Desejos são assim, um começo sem fim, uma busca eterna de algo a mais. Essa busca pode facilmente ser direcionada para um fim, para aquilo que, quando conquistado, trará a tão esperada felicidade. Mas a satisfação não será completa, faltará algo, sempre. Então um novo desejo se apresenta e uma nova busca se inicia. Desejos são assim, uma eterna falta.
É possível sair desse ciclo? Como?
Como conduzir essa imensa força (desejar) que nos mobiliza tanto?