“O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo.
O que for o teu desejo, assim será tua vontade.
O que for a tua vontade, assim serão teus atos.
O que forem teus atos, assim será teu destino.”
Brihadaranyaka Upanishad
A idéia de destino pode nos levar a uma certa irresponsabilidade, a uma entrega para aquilo que consideramos que já é certo, que já está definido. Frases do tipo: “não é para mim”, “já foi se o tempo”, “não posso fazer nada por isso”, “é o meu jeito”, “se eu pudesse...” e muitas outras, resumem um pouco essa convicção. Não há a perspectiva de mudança, não é sentido o poder para a transformação.
Nesse pequeno trecho de uma escritura antiga, o destino é colocado como fruto de um desejo pessoal. O destino está amarrado aqui ao reconhecimento do que se deseja, pois é esse é o motor da vontade e da ação. O destino nasce em atos do cotidiano, o que inclui também os pequenos e corriqueiros atos, que se repetem ao longo de dias, meses, anos e décadas. O destino é uma obra artesanal, única, que vai sendo feita ao longo da vida. Muito do que acontece, ou não acontece, é conseqüência direta do que desejamos e do que fizemos por isso. Há aqui o peso saudável da responsabilidade, de responder pelo que se desejou e pelas escolhas que se fez. Quantos desejos estão condenados a permanecerem para sempre como apenas sonhos distantes? Quantas ações são adiadas ao famoso dia de São Nunca? Quantos desejos abortados, quantas ações congeladas, quantas escolhas de destino irresponsáveis! Não dá para se lavar as mãos com a própria vida.
O yoga sem esse entendimento não dá frutos, não leva à transformação, se torna apenas uma fonte de bem estar momentâneo, que passará depois da prática. O yoga é, antes de tudo, uma forma de se cultivar o próprio destino.
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