28 de out. de 2012

Incoerência eleita




Hoje encerrou-se a eleição para prefeito aqui em Taubaté, e desta eleição tirei um grande aprendizado.  Nada relacionado a nenhum partido ou aliança política, nada também com questões sociais ou sobre o futuro da cidade ou ainda, sobre quem armou com quem. Falo de um aprendizado de âmbito pessoal, coisa do meu quintal, pequena, porém cara.

Um candidato é alguém que se expõem, que vai para o público e busca nele simpatia e apoio. Para isso conta com o recurso da propaganda, que quase sempre o mostra como um exemplo inquestionável de várias virtudes. Honestidade, competência, preparo, simpatia, inteligência, capacidade de trabalhar, bons contatos, solução para qualquer problema, e por aí vai, geralmente a lista não muda muito.

Todos nós sabemos que isso não é verdade, não porque nenhum político presta, mas porque ninguém reina só em virtudes. Todos temos nosso lado B (C,D,E...), aqueles detalhes que jamais anunciaríamos numa propaganda para ganhar simpatia, aquilo que, às vezes, lutamos para não aceitar como pertencente a nós mesmos. Nunca subimos por inteiro no palanque, nunca, pois seria certeza de derrota nas urnas. Mas em todas as eleições a história se repete, virtudes anunciadas só em mim (candidato) e vícios denunciados apenas no outro (outro candidato).

Pois bem, eu estava muito incomodado com a incoerência de um candidato, que discursava algo bem diferente do que vivia.” Como pode alguém viver assim, levar uma vida tão dupla?”, “como é possível manter essa fachada?”, “como pode tanta mentira não ser descoberta?”,“como as pessoas podem ser cúmplices disso?”,  perguntava-me várias vezes. Tinha certeza de que ele não era um candidato confiável, pois sustentava tamanha incoerência e dissociação.

Mas felizmente, bem antes que a eleição chegasse ao fim, recebi o meu próprio voto nulo. Logo após ter me dado conta de uma grande incoerência entre o que eu havia prometido e o que havia feito de fato, passei em frente de um outdoor do candidato que achava tão incoerente. Lá estava ele, gigante, sorrindo da minha cara. Só pude rir de mim mesmo e relaxar. Quem era eu para estar tão incomodado assim com a incoerência do outro? Por acaso não sou incoerente também?

Fazer as pazes com minhas incoerências me deixou mais leve e mais “normal”. Embora isso não seja um convite para que eu não olhe mais para elas ou deixe de buscar mais coerência na minha vida. A questão é como conduzir esse processo, pois posso fazer isso com leveza, clareza e, porque não, bom humor e riso.  

2 comentários:

  1. Muito sutil e gostoso esse texto, como um papo frutífero entre amigos. Bjo

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    1. Escrevo conversando comigo mesmo, mas nada mais estimulante que uma boa conversa entre amigos, como a que tivemos hoje cedo!
      Bjo

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