Na semana passada tive uma oportunidade que quase não tenho: fui assistente de uma aula para 32 pessoas. Geralmente estou no papel de professor, daquele que conduz e que corrige a turma, ou então no papel de aluno, quando olho para dentro, quando fico em minha própria experiência. Mas nessa aula, como assistente, fiquei na posição privilegiada de observador e pude acompanhar um processo sutil e transformador acontecendo. O grupo era bem heterogêneo em termos de níveis de prática e estava inicialmente disperso e desencontrado, além de um pouco excitado, mas no decorrer da aula foi entrando em outra atitude, em outra freqüência, e no final já não era mais o mesmo grupo. Fiquei com a sensação de que não foram os 32 membros que praticaram, mas apenas um, o grupo.
A prática de yoga é sempre focada na experiência individual,
naquilo que ocorre da pele para dentro, no como a prática realizada toca cada
um. Assim, quanto mais me empenho na
minha prática, mais resultados eu
terei. Essa é uma lógica simples e da qual muitas vezes nos esquecemos, o
princípio de que se não faço, não será feito. Mas isso tem validade para a
perspectiva individual, para a prática solitária, pois quando o contexto é
grupal algo a mais entra em cena.
Várias pessoas unidas com empenho, entrega, esforço e abertura
geram um fator muito importante, e é ele que irá determinar muito do que o
grupo será capaz de produzir. Esse fator é a força gerada pela reunião de
pessoas, pelo grupo, uma força que é oriunda de cada membro, que influencia
cada membro, mas que não se restringe a cada membro. Existe a força do
professor e do aluno, mas acima deles há a força do grupo. Não reconhecer esse
fato é desprezar uma incrível força e um grande aliado no entendimento do fluir
das experiências em contexto grupal. Um professor atento deve ouvir, cheirar,
ver, sentir isso, deve perceber o movimento do grupo e a partir dele encaminhar
seu trabalho.
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