23 de out. de 2012

Yoga do grupo



Na semana passada tive uma oportunidade que quase não tenho: fui assistente de uma aula para 32 pessoas. Geralmente estou no papel de professor, daquele que conduz e que corrige a turma, ou então no papel de aluno, quando olho para dentro, quando fico em minha própria experiência.  Mas nessa aula, como assistente, fiquei na posição privilegiada de observador e pude acompanhar um processo sutil e transformador acontecendo. O grupo era bem heterogêneo em termos de níveis de prática e estava inicialmente disperso e desencontrado, além de um pouco excitado, mas no decorrer da aula foi entrando em outra atitude, em outra freqüência, e no final já não era mais o mesmo grupo. Fiquei com a sensação de que não foram os 32 membros  que praticaram, mas apenas um, o grupo.
  
A prática de yoga é sempre focada na experiência individual, naquilo que ocorre da pele para dentro, no como a prática realizada toca cada um. Assim, quanto mais me empenho na minha prática, mais resultados eu terei. Essa é uma lógica simples e da qual muitas vezes nos esquecemos, o princípio de que se não faço, não será feito. Mas isso tem validade para a perspectiva individual, para a prática solitária, pois quando o contexto é grupal algo a mais entra em cena.

Várias pessoas unidas com empenho, entrega, esforço e abertura geram um fator muito importante, e é ele que irá determinar muito do que o grupo será capaz de produzir. Esse fator é a força gerada pela reunião de pessoas, pelo grupo, uma força que é oriunda de cada membro, que influencia cada membro, mas que não se restringe a cada membro. Existe a força do professor e do aluno, mas acima deles há a força do grupo. Não reconhecer esse fato é desprezar uma incrível força e um grande aliado no entendimento do fluir das experiências em contexto grupal. Um professor atento deve ouvir, cheirar, ver, sentir isso, deve perceber o movimento do grupo e a partir dele encaminhar seu trabalho.

Diferentemente dos trabalhos de grupos na psicologia, onde o conflito é o ponto de partida, no yoga o empenho e a estabilidade é que produzem e revelam a sintonia e a força do grupo. Em sânscrito uma comunidade ou associação de praticantes é chamada de sangha, e nela o praticante pode e deve buscar apoio. Assim, quando estou num grupo, empenhado e buscando a consciência na minha prática o resultado e os frutos desse esforço podem não se restringir apenas à minha experiência, mas podem ser compartilhados dentro desse ser coletivo e integrador que é o grupo, ainda mais se for um grupo de yoguis.



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