“As palavras são como bolhas de sabão: frágeis e inconsistentes,
desaparecem quando em contato prolongado com o ar.”
Li esta frase no facebook e a compartilhei, pois diz muito, falando do não falar. Existe uma prática do yoga chamada mouna, que é a prática do silêncio. Em mouna fazemos uma “vaca amarela”, cortando o som das palavras, não como um desafio lúdico, mas como um exercício de observação, solidão, controle e quietude. O efeito é tão intenso que nos leva até a fonte das palavras, nos deixa no meio do falatório interno, nos eternamente insatisfeitos pedidos de nossa mente e de nossos desejos. O silêncio trás essa intensidade, ao reter o escoamento das palavras uma pressão interna se faz, a de ouvir o quão ruidosos somos internamente, e talvez a de perceber como esse ruído interno nos faz tagarelas, geradores de ruído externo.
Mas em silêncio também podemos ir além, e nos aproximar daquela região anterior ao falatório, um lugar quase sempre pouco visitado, um lugar que emana força e clareza. Estar nesse lugar produz algo interessante, as palavras, se ditas, ganham consistência, ganham significado, ganham valor. Daí não brota a chuva de palavras e sons desconectados, daí não brota algo que vá quebrar inutilmente o silêncio, daí não brota o desnecessário. Palavras que brotam dessa fonte, se vêm ao mundo, são sementes. Já as palavras que vem do falatório interno, se vêm ao mundo, e sempre vêm em enxurrada, são bolhas de sabão, coloridas e divertidas, mas...
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