Num primeiro momento as posturas (asanas) do yoga podem parecer-se com uma atividade física ou com um tipo de exercício “zen”. Essa é a nossa referência cultural, o corpo é uma coisa, a mente é outra, as emoções são outra e o espírito, quanto reconhecido, é outra. Somos muito habilidosos em dividir e especializar as coisas do mundo e do ser humano em áreas específicas e distintas, mas nem todo saber é assim.
O yoga é uma filosofia prática que assume muitas formas, uma delas é o hatha yoga, o yoga que tem como ferramenta o corpo físico. Nesse yoga o corpo é transformado de maneira radical e profunda através dos asanas e pranayamas (posturas e respirações) que desenvolvem saúde, força, leveza, graça e longevidade. Mas esse trabalho corporal tem um alicerce filosófico que o sustenta e lhe dá sentido, sem o qual o hatha yoga pode virar uma malhação, das boas, mas apenas malhação. Além dos inumeráveis benefícios que trazem para o corpo e para a saúde, os asanas são principalmente um gancho para se conhecer e explorar a dimensão mental e seus padrões. O asana é a ponte que o hatha yoga utiliza para penetrar, aquietar e transcender a nossa instável e poderosa mente. E como faz isso? Focando a atenção no corpo e na percepção das sensações, despertando a atitude de observador, em outras palavras, levando o praticante a estar presente no corpo. Assim, a postura em si não é o mais importante, o que faz a diferença é a forma que é realizada e experimentada pelo praticante.
O asana acontece quando a filosofia Yoga se torna viva e real no corpo e na consciência do praticante. Nesse momento não há um corpo sendo malhado de um lado e uma mente perdida em pensamentos de outro, não há separação entre corpo e mente, entre filosofia e prática. Nesse momento não há nem mesmo um praticante, ali só há uma testemunha da experiência.
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