Hoje estou voltando de um duplamente singular retiro de uma semana. Vou tentar explicar. Por uma semana, de 28 de maio a 04 de junho de 2014, de quarta a quarta, aconteceu em Portugal um retiro de silêncio com Mooji. Mooji é um mestre da linhagem Advaita Vedanta que conduz práticas de Jnana Yoga, a prática da auto investigação, em satsangs pelo mundo. Nesses encontros os participantes permanecem em silêncio e reúnem-se em sessões diárias de perguntas e diálogos esclarecedores e transformadores com ele.
Esse encontro aconteceu em Portugal, mas aqui no Brasil, em Campinas, um grupo se reuniu em uma casa e acompanhou ao vivo pela net todos os satsangs dirigidos por Mooji. Além de acompanharem ao vivo os satsangs, também observaram o silêncio e toda a programação de Portugal. Um retiro virtual, embora não apenas virtual, pois estavam em grupo e na mesma prática e na mesma sintonia do grupo maior no outro lado do Atlântico. Isso, para mim, já o faz um retiro singular.
Esse encontro aconteceu em Portugal, mas aqui no Brasil, em Campinas, um grupo se reuniu em uma casa e acompanhou ao vivo pela net todos os satsangs dirigidos por Mooji. Além de acompanharem ao vivo os satsangs, também observaram o silêncio e toda a programação de Portugal. Um retiro virtual, embora não apenas virtual, pois estavam em grupo e na mesma prática e na mesma sintonia do grupo maior no outro lado do Atlântico. Isso, para mim, já o faz um retiro singular.
Mas o que fez esse retiro ser duplamente singular para mim
foi o fato de que eu só participei dele por dois dias. O grupo se reuniu em uma
quarta feira e permaneceu assim até a outra quarta feira, enquanto que eu só me
juntei a eles no sábado e saí logo no domingo. Portanto, participei de um
retiro de sete dias que acompanhava a distância um outro retiro em Portugal, e
dele só participei objetivamente por dois dias. Não sei se consegui deixar
claro todos esses detalhes e essa singularidade.
Falo que essa foi uma participação singular em um retiro,
pois apesar de não estar fisicamente em Portugal e de permanecer brevemente em
Campinas, de certa forma pratiquei e senti e os efeitos do encontro ao longo da
semana. Sendo mais específico, pratiquei silêncio por uma semana, apesar de continuar
totalmente envolvido com minha rotina cotidiana. Continuei com todos os contatos
sociais, atendendo, dando aulas, encontrando e convivendo com familiares e amigos.
Fiz um retiro sem me retirar. Mas não é justamente a retirada do cotidiano grande
diferencial de um retiro? Então que mérito pode ter um retiro sem a retirada?
Depende de que retirada estamos falando. Posso levar meu
corpo para um local afastado e continuar com meu mundo interno conectado à
minha rotina e ao que deixei temporariamente de lado. Será que podemos afirmar
que houve realmente um retiro? Posso também continuar participando do meu
cotidiano e dele retirar algo, algo que me faça relacionar-me diferentemente
com ele. Um algo que provoque minha percepção e meus padrões, que desperte
minha atenção, que quebre a previsível e anestésica rotina. Esse algo foi para
mim o silêncio. Mas não o silêncio da mudez, já que eu estava em contato com
outras pessoas que não sabiam e nem estavam com esse propósito. Foi um silêncio
de observar meus barulhos, minhas tagarelices, minhas falas desnecessárias. Foi
um silêncio de escutar mais, de esperar e deixar as coisas acontecerem. Me
antecipei menos, me surpreendi mais. Percebi que posso deixar muitas coisas da
minha vida mais simples. Me suportei e gostei.
Oficialmente meu retiro acabou hoje, mas acho que isso não
faz a menor diferença, pois minha sensação é de que não posso mais retira-lo de
mim. Que assim seja.
Mooji
Gratidão ao Mooji, ao pessoal de Campinas (Ivan Vidroh) e a minha
família pelas eternas negociações.
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