Hoje encerrou-se a eleição para prefeito aqui em Taubaté, e
desta eleição tirei um grande aprendizado.
Nada relacionado a nenhum partido ou aliança política, nada também com
questões sociais ou sobre o futuro da cidade ou ainda, sobre quem armou com
quem. Falo de um aprendizado de âmbito pessoal, coisa do meu quintal, pequena,
porém cara.
Um candidato é alguém que se expõem, que vai para o público
e busca nele simpatia e apoio. Para isso conta com o recurso da propaganda, que
quase sempre o mostra como um exemplo inquestionável de várias virtudes. Honestidade,
competência, preparo, simpatia, inteligência, capacidade de trabalhar, bons
contatos, solução para qualquer problema, e por aí vai, geralmente a lista não
muda muito.
Todos nós sabemos que isso não é verdade, não porque nenhum
político presta, mas porque ninguém reina só em virtudes. Todos temos nosso
lado B (C,D,E...), aqueles detalhes que jamais anunciaríamos numa propaganda
para ganhar simpatia, aquilo que, às vezes, lutamos para não aceitar como pertencente
a nós mesmos. Nunca subimos por inteiro no palanque, nunca, pois seria certeza
de derrota nas urnas. Mas em todas as eleições a história se repete, virtudes
anunciadas só em mim (candidato) e vícios denunciados apenas no outro (outro
candidato).
Pois bem, eu estava muito incomodado com a incoerência de um
candidato, que discursava algo bem diferente do que vivia.” Como pode alguém
viver assim, levar uma vida tão dupla?”, “como é possível manter essa fachada?”,
“como pode tanta mentira não ser descoberta?”,“como as pessoas podem ser cúmplices
disso?”, perguntava-me várias vezes. Tinha
certeza de que ele não era um candidato confiável, pois sustentava tamanha incoerência
e dissociação.
Mas felizmente, bem antes que a eleição chegasse ao fim, recebi
o meu próprio voto nulo. Logo após ter me dado conta de uma grande incoerência
entre o que eu havia prometido e o que havia feito de fato, passei em frente de
um outdoor do candidato que achava tão incoerente. Lá estava ele, gigante, sorrindo
da minha cara. Só pude rir de mim mesmo e relaxar. Quem era eu para estar tão
incomodado assim com a incoerência do outro? Por acaso não sou incoerente também?
Fazer as pazes com minhas incoerências me deixou mais leve e
mais “normal”. Embora isso não seja um convite para que eu não olhe mais para elas ou
deixe de buscar mais coerência na minha vida. A questão é como conduzir esse
processo, pois posso fazer isso com leveza, clareza e, porque não, bom humor e riso.