Recentemente recebi um email com o resumo de um livro
famoso, lançado há uns cinco anos, que virou filme e se tornou best seller
mundial. Ele fala do poder da mente e da lei de como as coisas funcionam.
Vários mestres dão seu parecer sobre esse poder e essa lei, inclusive fiscos quânticos.
Tinha acesso ao livro, porém nunca havia me interessado em lê-lo, mas depois do
email fiquei curioso e resolvi lê-lo. Bem, li uma parte, pois não consegui ir
até o fim. Sei que tenho um senso crítico e racional forte, e ele foi sendo
despertado rapidamente pela leitura, junto com meu olhar de psicólogo e de
praticante de yoga, assim como vários de meus preconceitos. Parei antes do
meio, não deu para continuar, para mim eram muitos os absurdos e exageros, comecei
a ficar irritado e indignado com o que lia. Era uma reunião do pior da autoajuda,
das técnicas de venda, da motivação barata, do estilo americano de ser, do “faça
sucesso e seja feliz”, “fique rico e tudo se resolverá”, “tenha poder sem
limites agora”, e coisas do tipo. Mas quando olhei melhor para a minha
irritação e para aquelas ideias que lia, compreendi algo que abriu outro olhar
sobre o que o livro dizia.
Todos nós, percebendo ou não, temos uma criança bem viva
internamente. Ela é em parte o que fomos quando crianças e o que nos faltou
quando crianças. Ela é aquele lado nosso que brinca, que se encanta, que
fantasia, que se solta, que descobre o mundo e que ainda é flexível. Ela é
também aquele lado birrento, imaturo, pouco prático e sensato, despreocupado,
dependente e incapaz de ser adulto. Temos a criança viva em nós e se não temos
clareza dela, nos perdemos nela. Assim, teremos reações da criança num contexto
que não é da criança, seremos uma criança no corpo de um adulto, teremos os
mesmos pontos vulneráveis e as mesmas expectativas que ela.
Este livro é uma verdadeira
festa para nossa criança, uma festa repleta de doces, brinquedos, brincadeiras,
amiguinhos, música e ausência total de adultos. Nossa criança quer mágica, quer
satisfazer todos seus desejos imediatamente e sem esforço, quer conforto, quer
viver sem limites, sem espera, sem dor, quer sentir-se protegida, olhada,
cuidada, quer ser exclusiva, quer ser o centro do mundo, quer ser amada
incondicionalmente. Nossa criança quer tudo isso, que é muito necessário e
fundamental PARA uma criança, não para um adulto. O livro fala diretamente para
a nossa criança que espera por tudo isso e que não quer ter o trabalho de se
transformar, de se responsabilizar, de se comprometer e arriscar tomar decisões.
Basta querer que o universo conspirará a nosso favor, esse é o lema da criança,
desse livro e de muitos adultos ultimamente.
Todos nós sabemos que não é assim que a coisa funciona. Querer
é o ponto inicial da jornada, o que vem depois será fruto de nosso esforço e
empenho. Einstein, um físico que não aparece no filme, fala do trabalhar e suar
99% do tempo para poder ter 1 % de inspiração. Não basta querer e esperar, precisamos
ir além dessa perspectiva da criança. Não há segredo no caminho da
espiritualidade, do amadurecimento e do yoga, em todos eles é preciso praticar
o que se quer, é preciso dedicar-se ao querer. A disciplina é uma forte
expressão da dedicação e do querer. Sempre é preciso desenvolver o processo, não
há exceções, não atalhos, formulas mágicas ou segredos para isso.
Sr. Iyengar, nesta foto com 88 anos, ainda hoje, aos 94 anos pratica todos os dias.
Olá Marcos!
ResponderExcluirEu acho que realmente o maior Segredo é descobrirmos na simplicidade de nosso interior o que nos é realmente importante, daí sim, a técnica funciona. Quando não acontece é porque não sabemos o que queremos, independente de ser material ou espiritual.
Um grande abraço,
Tuda.
Olá Tuda, você tem toda razão, temos a oportunidade e o poder de navegar, mas precisamos saber para onde, e isso só o nosso coração pode responder.
ResponderExcluirAbração e que a navegação seja longa!