27 de fev. de 2012

Traduzindo-se

"Traduzir-se"

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida e morte-
será arte?

Após escrever a última postagem me lembrei desse poema do Ferreira Gullar. Nada como um poeta para traduzir nossa paisagem interna.

4 comentários:

  1. Bom dia Marcos!
    Esta poesia realmente é linda!
    Posso dar uma dica?Vai lá!!!!!!
    Ela fica ainda mais linda quando interpretada pela voz maravilhosa de Osvaldo Montenegro, não sei se você sabe, mas ele gravou em um CD. E por coincidência eu tenho. Ha!Ha!Ha!
    Eu me emociono toda vez que ouço.
    Vale a pena ouvir.
    Um grande abraço e boa semana!

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    1. Olá Tuda, não sabia dessa gravação do Osvaldo Montenegro, mas já tinha ouvido o Fagner a interpretando. Bem, em breve irei lá. rsrs
      Abração

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  2. Lindo. Não conhecia. Valeu Marcos.

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