30 de out. de 2011


        "Quando a mente está controlada
               e em silêncio, o que resta é a alma."
                                     
                                                                                             B.K.S. Iyengar

25 de out. de 2011


Adhomukha Svanasana
Adho: para baixo
Mukha: rosto
Svana:cachorro
Postura do cachorro olhando para baixo

Neste asana todo o corpo dá uma vigorosa espreguiçada, tal como um cão ou um gato faz naturalmente. A permanência neste asana proporciona descanso para a mente e recuperação da vitalidade do corpo.

17 de out. de 2011

Aos meus professores

O yoga é uma tradição que se sustenta na relação direta entre mestre e discípulo. Desde sempre a filosofia e as técnicas do yoga foram passadas pessoalmente, dentro da intimidade e da longa relação entre um professor e seu dedicado aluno. Só dentro desse contexto de entrega e confiança é que o aluno poderia se desenvolver e aprofundar sua prática. Sem essa relação de aprendizagem, e amizade, o yoga não existe, e certamente não teria chegado até nós, ficando perdido no tempo. Hoje é possível ter contato com o yoga por livros, CDs, DVDs, internet e cursos rápidos de alguns dias, mas apreender e desenvolver, só mesmo numa relação próxima com um professor. Você acha que seria possível perceber, e realizar, as inúmeras correções e detalhes dos asanas dentro do método Iyengar através de um livro?
Mas esta situação de professor (aquele que pode orientar) e aluno (aquele que tem a aprender) não é exclusiva do yoga, ela é uma condição presente em qualquer atividade humana. Sem ela não seríamos sequer humanos, pois não teríamos acesso à cultura acumulada no decorrer da história. O professor é uma ponte que permite chegarmos até a outra margem, e durante a vida passamos por muitas pontes. E um detalhe, independente de assumir o papel de professor, somos também em muitas situações, pontes, professores.
Apesar do atraso, deixo aqui meu profundo agradecimento aos muitos professores que encontrei pelo caminho e que me levaram até a outra margem. Por quanto ou á quanto tempo, não importa, o que e como aprendi, também não importa. Só importa que com eles transformei-me e fui um pouco mais além.

15 de out. de 2011

Namastê



Namastê é uma saudação utilizada nas práticas de yoga, é uma palavra em sânscrito que significa “curvo-me perante a Ti”. Mais do que um cumprimento formal, namastê é uma menção direta da nossa essência, daquilo que é maior que nosso corpo, nossa personalidade, situação social, idade, sexo, ou qualquer outra condição passageira. Namastê se refere ao nosso estado de Ser, saúda nossa identidade última, a mesma que compartilhamos com todos. Namastê é um reconhecimento de que somos irmãos, que apesar da nossa imensa variedade e diversidade, de alguma forma somos iguais. No yoga o maior erro é o esquecer-se dessa identidade essencial, da nossa verdadeira raiz. É bem conhecida a tradução de namastê por “o Deus que há em mim saúda o Deus que há em você”, deixando mais evidente o tom de sagrado dessa saudação.
O filósofo alemão Martim Buber fala de duas atitudes que podemos adotar ao nos relacionarmos: eu-isso ou Eu-Tu. Quando nos vemos como eu menor, considerando, por exemplo, apenas nossa personalidade, acabamos vendo o outro também como menor, como um “isso”, como um objeto a nossa disposição ou como quem nada tem haver conosco. Essa é a relação entre um “eu” e um “isso”. Mas quando vivemos a partir do Eu maior, que está além de identificações parciais, enxergamos no outro uma expressão dessa mesma essência, o mesmo “Eu”, e ele passa a ser um “Tu”, não mais um “isso”. Namastê é uma forma de praticar a relação Eu-Tu, e é também uma lembrança da nossa unidade.
Dizer namastê com essa intenção faz muita diferença e pode abrir em nós um olhar diferente para o outro, talvez com mais respeito e bem menos julgamentos e pré-avaliações.

8 de out. de 2011

O homem também morre pela boca

Escrevi algum tempo atrás sobre o evitar vazamentos na prática do yoga, no caso o vazamento era o da queixa e da reclamação. Outro poderoso vazamento ocorre pela fala. Perdemos energia vital (o prana do yoga) pela fala solta e pela língua descontrolada, e que muitas vezes também é afiada.
A boca é uma porta de entrada e de saída, por ela nos nutrimos e por ela nos enfraquecemos, e se diz até, que por ela também morremos. Morremos ou adoecemos pela alimentação excessiva e inadequada, mas também pelo que saí pela boca na forma de palavras carregadas de intenções. A língua é rápida e poderosa, ela é capaz de criar realidades em segundos quando dá vida para palavras que até então estavam apenas no plano mental. Falar muito agita a mente, levanta muita poeira. Uma mente excitada encontra vazão no falatório desenfreado, e um falatório desenfreado produz agitação nas ondas mentais. A verborréia é ao mesmo tempo, expressão e combustível do turbilhão mental, portanto fechar a boca pode ser uma interferência direta nesse processo. Diminuir ou conter a fala é um recurso simples e profundo do yoga para aquietar a mente.
Experimente passar um período em silêncio total, ou então, falar apenas se tiver algo de bom para acrescentar. Essas simples práticas deixam evidente como vazamos em verborréia, como falamos desnecessariamente, como somos irresponsáveis na fala e na condução de nossos pensamentos. O silêncio nos permite ouvir o ruído interno com nitidez, e assim, podemos aquietar a mente e o coração.