Esta semana está acontecendo em muitas cidades do país,
inclusive aqui em Taubaté, o “Yoga pela Paz”, evento que tem o objetivo de propagar
o clima de paz pelas cidades através de práticas de yoga e meditação. Muitas
escolas oferecem aulas gratuitas e há muitas práticas abertas em parques e
praças. Uma ótima iniciativa que vem crescendo a cada ano!
Mas qual a relação entre o yoga e a paz? Como se dá esse
casamento que parece tão evidente e inevitável entre praticar yoga e ficar em
paz? A paz é geralmente definida como algo contrário à guerra, ao conflito, à
discórdia, paz é a ausência desses estados, internos (consigo mesmo) ou externos
(entre pessoas, entidades, países...). A derradeira bandeira branca. Mas o fato
de não estar em guerra, em conflito, não quer dizer muita coisa, e muitas vezes
pode ser até bem preocupante. Essa é uma situação parecida com aquela onde o
médico por não achar nenhuma doença no paciente o julga saudável. Saúde não é o
mesmo que não estar doente, pois muito além de não ter sintomas, saúde é a
presença de vitalidade no organismo. Assim também a paz não se resume em não
estar em conflito, em “estar de boa”, mas vai bem além dessa condição, pois diz
respeito à posse de algo que independa das oscilações entre conflito e não conflito.
A prática de yoga e meditação proporcionam algumas profundas
sensações de bem estar, e isso é constatável já no primeiro contato. E esse bem
estar é aquela paz da ausência de conflito, ou seja, é a paz que facilmente nos
escapa da mão, basta o primeiro contato com o mundo que ela se desfaz magicamente.
Por quantas vezes já não presenciei os alunos acabarem a aula num clima de
silêncio profundo e em questão de segundos, enquanto ainda guardam os
acessórios, já voltarem à agitação que estavam antes da aula? Ou então isso acaba
acontecendo quando religam o celular, ou quando entram no carro, ou quando
chegam em casa, ou ligam a TV, ou qualquer outra forma de contato com o mundo. Para onde
foi aquela paz?
Essa paz é boa, pode e precisa ser desenvolvida, mas está
longe daquela que o yoga e a meditação podem proporcionar. A paz que vai além
da ausência de conflitos, que vai além do bem estar é a paz de saber-se quem se
é. Paz que não pode ser roubada é a clareza de poder olhar para si mesmo e
reconhecer o que se sente, o que se pensa, o que se deseja e o que se teme. Paz
de poder reconhecer todas, absolutamente todas, as experiências que podemos
ter, paz de nada excluir. Paz de ser testemunha de si mesmo, não importando se
o dia é de sol e os pássaros cantam ou se faz frio e chove. Todas as técnicas de meditação ou de yoga são
caminhos que podem nos levar para além do bem estar, que podem nos aproximar
daquilo que somos, e que não sabíamos ou lutávamos para não ser. E longe desse lugar não há paz que perdure.
Nenhum comentário:
Postar um comentário