Neste ultimo domingo, no meio das ultimas noticias ao vivo pela TV,
ouvi alguém dizendo: “é melhor tirar as crianças da sala”, em seguida pensei: ”seria
melhor a TV desligada.” Não me pronunciei e a TV permaneceu ligada, vomitando
realidades, e as crianças foram brincar em outro lugar, afinal aquilo não eram
imagens e notícias apropriadas para uma criança ver. Mas me pergunto, seriam por
acaso apropriadas para adultos?
Como alguém (criança, jovem ou adulto) recebe toda essa
carga? Diria que essa é uma carga dupla, pois há o tema morte, no caso a morte trágica
de muitas pessoas, e há, principalmente, a carga do como isso esta sendo
comunicado e experimentado pela TV. Da morte podemos, e devemos, nos aproximar
ao longo da vida, incluí-la em nossas perdas diárias, em nossas frustrações, em
nossos sonhos, em nossos encontros com o inusitado. Desejar e vivenciar um real
desfrute da vida nos pede a morte por perto. Sem ela qualquer castelo é de
areia. Mas essa é uma empreitada que se faz abrindo os olhos e o coração para
os acontecimentos do dia a dia, da nossa vida pessoal, é algo íntimo,
artesanal, que envolve amadurecimento e entrega. Não se elabora a morte em
noticias de TV. Muito menos se elabora a morte sendo platéia do sofrimento
alheio, de saber detalhes de como foi a morte do outro, de ter indícios e
palpites de quem é o culpado. Não nos aproximamos da morte assistindo uma
reconstituição, nem ouvido testemunhos de sobreviventes e nem com os comentários
técnicos de especialistas. Muito menos fazemos algo efetivo por quem esta
sofrendo. Toda essa carga de informação impregnada de forte emoção torna-se
agressiva, uma violência quase gratuita, que pouco acrescenta em nosso
entendimento sobre a experiência de morte.
Diante de uma tragédia, o melhor a fazer é evitar outra. Em
respeito a quem sofre de fato e ao que temos de lúcido, terno, tranqüilo e
saudável, desligue a TV. Faça um pouco de silêncio e, esteja onde estiver, abrace
carinhosamente quem está de fato mergulhado na dor.
Ótimo.
ResponderExcluirAriane Michelini
Obrigado, abração
ExcluirConcordo plenamente. É interessante, mas essa foi a minha atitude, sair da sala, não consigo compactuar com reportagens sensasionalistas que explora sofrimento alheio. Acho que a melhor atitude é o silêncio e a oração.
ResponderExcluirBom final de semana,
Namastê.
Algumas coisas nos confundem, nos atormentam, nos agitam, nos deixam fora do lugar. Sempre podemos escolher do que nos alimentaremos.
ExcluirAbração