Começou hoje (13/06) no Rio de Janeiro a conferência mundial
da ONU sobre desenvolvimento sustentável, o Rio+20. Políticos, cientistas,
ambientalistas, empresários e autoridades de todo mundo se reunirão para pensar
e propor alternativas de desenvolvimento verde, ou seja, um caminho que destrua
menos a nós mesmos e a nossa casa, o planeta Terra. Essa é uma questão enorme e
complexa em todos os sentidos, uma verdadeira rede com nós e ligações de
escalas mundiais. Qualquer lado da rede que for puxado trará outros com ele.
Nada é certo, tudo precisa ser negociado, ampliado, pesado, considerado. A
própria torre de Babel contemporânea.
Mas nesse quase caos social, econômico, político e ecológico
que é pensar o futuro hoje, ouso dizer que há uma certeza simples e absoluta: é
necessário mudança. E com um detalhe, de pouco adianta se ela for parcial, local
ou temporária, essa mudança precisa ser ampla, global e permanente (talvez algo
mais próximo de uma utopia). É preciso mudar valores, já bastantes enraizados,
que temos sobre o que é viver bem. Valores geram ações concretas no mundo e em
nós mesmos, e o mundo, assim como a vida, é transformado efetivamente por
ações, não por intenções. E pensando na urgência dessas mudanças é que agrego o
yoga na conferencia Rio+20.
Não, não imagino que colocar os participantes em posturas,
ou recitando mantras, seja uma solução, embora isso pudesse ajudar bastante no
clima das reuniões. A mudança que precisamos, urgentemente, envolve bem mais
que isso e não depende apenas do que for decidido nesta ou em outras
conferências. Geralmente, a grande dificuldade de qualquer mudança é justamente
manter a mudança. Mesmo não sendo o dono de uma grande fábrica, ou um político
influente, ou um ambientalista, quase todos nós temos informações de sobra sobre
como podemos colaborar, sobre o que podemos de fato fazer para uma vida mais
sustentável. Mais do que ter acesso às informações, temos o poder de
realizá-las. É preciso praticar o que se sabe, é preciso confirmar em ações uma
intenção. Todo praticante de yoga dedicado, ou qualquer um envolvido com o auto
conhecimento, sabe que mudar padrões mentais ou comportamentais exige um
investimento. Querer mudar é um bom começo, mas só querer não basta, é preciso
agir. A mudança que precisamos só será coroada com ações sustentáveis.
Portanto, aja, e aja agora, onde você está.
Mas se a mudança nem sempre é fácil (pense em quantos seguem
uma dieta com sucesso) há uma luz que amplia muito esse processo: a
consciência. Ao pensar em ações mais verdes, é inevitável não se questionar sobre
a validade de muitos valores que temos como certos hoje. Pensar verde é mais do
que querer salvar o planeta (“coitado, ele precisa tanto da nossa ajuda...”) é
um excelente exercício de ampliar a consciência, é rever um jeito de viver. Um
jeito que coloca o homem soberano e independente de seu contexto maior, à parte
da criação constante e inacabada do universo. Pensar verde é questionar sobre o
que pensamos ser uma vida boa, o que é se dar bem, o que é realmente
necessário, o que é perene e importante, o que é saúde, o que vale a pena na
vida, o que é o melhor, não apenas para mim, mas para todos. A consciência
dessas questões nos conduz a determinados comportamentos mais verdes,
inevitavelmente, radicalmente e permanentemente. A questão ecológica não é só politicamente
correta, vai muito além disso, ela é A questão.
Legal, Marcos. Os seus textos são sempre tão atuantes e claros para mim, que não resisto, sempre dou uma lida para saber o que está rolando....
ResponderExcluirAinda não tinha tido a oportunidade de agradecer por você compartilhar os seus ensinamentos e também os seus questionamentos com todos nós.são sempre muito instigantes. Vou continuar acompanhando você por aqui. namastê. Carla Maria.
Olá Carla, obrigado pelo seu estimulante comentário. Escrever aqui é uma forma de me aprimorar, expondo o que sinto, penso e vivo. Se isso toca mais alguém, que bom, temos um encontro!
ResponderExcluirNamastê