O yoga, antes de tudo, é uma ética. E o que é ética? Sendo
bem simples, ética é uma proposta de vida boa, uma vida que valha a pena ser
vivida, uma vida que contemple a todos, e que permita a todos serem plenos.
Yoga é uma ética, mas não uma ética teórica de como a vida e
o humano deveriam ser. Yoga é uma ética vivencial, tão efetiva e real quanto
nossas ações e palavras. Uma proposta que não se origina, e se finda, em
discussões e textos, mas de experiências consigo mesmo e com o outro.
O yoga, como uma elaborada e complexa forma de amadurecimento
e espiritualidade, tem seu alicerce estabelecido em uma ética. Sem este
alicerce o yoga desfigura-se em qualquer outra coisa. Mas que ética é essa? Que
princípios são esses? Mais uma vez tentando ser bem simples, o yoga entende que
se o ser humano não for livre, radicalmente e profundamente livre, viverá em
sofrimento, e para facilitar que este estado de liberdade (moksha) seja plenamente vivenciado, o yoga propõem alguns princípios
e algumas técnicas.
Sri Patanjali, em seu clássico “Yoga sutra”, elaborou dez princípios éticos para o yogui, os yama e niyama. As
diversas linhas de yoga possuem ainda outros princípios, além de seu próprio
arsenal de técnicas, sendo que talvez as mais numerosas estejam nas diferentes
correntes do hatha yoga. É
impressionante, por exemplo, a amplitude que os asanas, as posturas, ganharam hoje em dia entre boa parte dos
praticantes, indo praticamente ao infinito as possibilidades desta técnica.
Mas é bom não esquecer que yoga é, antes de qualquer coisa,
uma ética, uma proposta de vida plena e as técnicas só ganham sentido dentro
desta proposta maior. E no que se transformam as técnicas sem o alicerce dessa
ética? Continuam técnicas, ainda bonitas, curiosas, saudáveis, interessantes,
valiosas, às vezes estranhas, mas sem o alicerce ético são apenas técnicas que facilmente
morrem em si mesmas, são como paredes que sozinhas não conseguem formar uma
casa sólida, e muito menos um lar Daquilo.