Minha sobrinha nasceu. Ela é linda e chama-se Carolina.
Estar com ela, minha cunhada e meu irmão me fez reviver o nascimento da minha
filha há sete anos. O distanciamento de ser tio permitiu-me observar outros
aspectos desse milagre que é um nascimento. Enquanto acontecia o parto não me
foi possível fazer outra coisas que não procurar silenciar. O que mais fazer
diante de uma recém nascida? Ela acabou de fazer uma passagem entre mundos,
está ainda imersa na união com o corpo da mãe, vive ainda na plenitude das
sensações totais, acabou de chegar. O que fazer com quem acabou de chegar?
Acolher, receber, atender, proteger, providenciar, ouvir, cuidar. O recém
nascido encanta pela fragilidade de quem está chegando e começando. Quantos
passos são necessários para se caminhar bem por este nosso mundo? Um longo,
complexo e desafiante caminho ela tem pela frente.
O que fazer diante de um recém nascido? Nada além de ficar
mais atento, mais sensível, mais disponível, mais quieto, mais imediato. Há
algo de intenso na presença de um recém nascido. Quem a ele dá assistência é
transformado, entra em outra freqüência, em outro tempo, em outro universo. Estar
com um recém nascido é estar em um estado meditativo, é ficar num vazio cheio
de presença, só ali, sem fazer quase nada, dando o tempo dele. Estar com um recém
nascido é uma oportunidade prazerosa e amorosa de sair do turbilhão da rotina diária e
ficar disponível, completamente disponível.
Que tal viver como se estivéssemos na presença de um recém nascido?
Será que falaríamos as mesmas coisas que falamos, do mesmo modo? Nossos gestos
teriam a mesma carga? Continuaríamos arrastados por nossa ansiedade e confusão?
Será que seriamos mais sensíveis às nossas emoções e de quem está conosco? Nossa
mão teria o mesmo peso, o mesmo toque? Nosso abraço e sorriso continuariam com
o mesmo apelo de cumprimento social? Quanto de suavidade, de atenção e presença
não desabrochariam em nossa rotina diária se estivéssemos na presença de um recém
nascido?
Seja bem vinda Carolina!
Obs: muito dessa percepção eu devo a Frederick Leboyer e seu
magistral, revolucionário e transformador livro “Nascer sorrindo”. Não consigo
imaginar alguém que leia este livro sem tornar-se mais humano, independente de
querer ter filhos ou não.
Parabéns pela sobrinha!
ResponderExcluirAcompanho a maioria dos seus posts... são palavras tão sábias que ás vezes me fazem chorar! Fico pensando se um dia terei controle
sobre toda essa ansidade e confusão que habita em mim..
Oi Priscilla,
ExcluirCá entre nós, não sei se o que escrevo é sábio, sei que é o que estou sentindo no momento, e fico feliz que faça sentindo para você. Sobre a sua indagação, eu também me faço essa pergunta, muitas vezes, e fico aliviado quando leio que santos, mestres e sábios também se questionam e questionaram sobre isso, afinal estamos todos no mesmo barco, somos todos humanos em busca. E nessa busca o yoga pode ajudar bastante.
Obrigado pelo comentário.
Abração