No ultimo dia 28 de março o
Ministério da Saúde incluiu 14 novas práticas integrativas como opção para os
usuários do SUS, entre elas estão o yoga e a meditação. Esta lista de práticas,
que já disponibilizava para o usuário os cuidados da homeopatia, fitoterapia, medicina
tradicional chinesa, antroposofia e termalismo, foi enriquecida agora com yoga,
meditação, reiki, ayurveda, shantala, biodança, dança circular, arteterapia, musicoterapia,
naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia e terapia comunitária.
Essa proposta de inclusão de práticas integrativas já vem ocorrendo no SUS
desde 2006 com a implantação do Programa Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC), programa que insere-se como um desdobramento da anterior Política
Nacional de Humanização (PNH). Esse movimento é um esforço do Ministério da
Saúde, e dos profissionais da saúde, para rever e ampliar os clássicos
conceitos sobre saúde, doença e cuidados com o paciente, e a inclusão de
práticas e saberes milenares não ocorre por acaso, haja visto a perspectiva profundamente
integradora que essas abordagens apresentam. Intenciona-se assim diminuir
custos com internações, procedimentos e medicações, além de despertar no
paciente a noção de responsabilidade por seu tratamento e cuidados com a saúde
não apenas no aspecto físico, mas também no emocional, social e espiritual.
Mais do que o tratamento de sintomas, essa proposta busca a prevenção e a
promoção da saúde integral dos sujeitos.
A inclusão do Yoga e
da meditação entre várias outras milenares práticas integrativas no SUS é
motivo de comemoração, pois estas duas práticas, intimamente envolvidas entre
si, são recursos simples e acessíveis e produzem efeitos realmente
transformadores em seus praticantes, dados que se confirmam cada vez em maior
escala por pesquisas científicas. E esse é exatamente um dos motivos da
comemoração, pois com a inclusão oficial no programa oferecido pelo SUS essas
práticas acabarão ganhando maior enfoque das pesquisas e estudos nacionais
(pelo menos é o que se espera!). A própria nomeação utilizada já expressa esse
novo status, de práticas alternativas (algo exóticas e ou marginais) para práticas
integrativas e complementares (recursos válidos e em igualdade e parceria com
os hegemônicos). Esse reconhecimento só ocorre após estudos e pesquisas sobre
os efeitos dessas práticas, que ganham assim legitimidade dentro do universo da
saúde, ou seja, passam a estar mais presente em clinicas, hospitais,
ambulatórios...
Porém, o mesmo motivo
de comemoração é também motivo de cautela, pois o yoga, assim como as demais práticas
e saberes tradicionais, não precisa e nem deve ser abordado apenas após “aprovação”
e “versão” científica, situação essa que pode produzir descaracterizações e profundo
encolhimento das intenções originais. Assim, yoga e meditação podem ser
utilizados como recursos terapêuticos para a recuperação e prevenção de variados
distúrbios físico emocionais, como ferramentas para o bem estar e a melhoria na
qualidade de vida. Pode-se, por exemplo, conseguir ótimos resultados no tratamento
de casos de insônia sem o uso de medicações. Isso é muito desejável e que cada
vez mais pessoas possam ter acesso e desfrutar desses cuidados, mas vale
lembrar que as intenções do yoga vão bem além do que entendemos como bem estar
e qualidade de vida. Por limitação de paradigma, e consequentemente de pesquisa, são justamente essas intenções “além”
que ficam fora da maior parte dos estudos, e que acabam sendo diluídas e
suprimidas nas práticas mais focadas no bem estar e alívio de sintomas. Pode-se
dizer que esta seria uma nova versão do yoga contemporâneo, talvez mais
adaptada e adequada ao público urbano ocidental. Ao mesmo tempo, é nessa forma
de prática que muitos descobrem as intenções reais do yoga e da meditação, descortinando
quase que sem querer um novo modo de entender a si mesmo e a vida. Comigo também foi
assim. Chega-se procurando alívio para uma dor de cabeça e encontra um caminho
para a alma...
Boas vindas às diversas práticas
integrativas e seus respectivos profissionais! Há muito trabalho a ser feito, há muito o que aprender e oferecer. Saudações
e boas vindas aos saberes tradicionais e seus milenares caminhos de luz! Que cada
vez mais seres possam encontrar nesses caminhos os benefícios que precisam e
desejam. Que todos possamos desfrutar da saúde integral!
Marcos Taschetto
Marcos Taschetto