13 de ago. de 2012

Quando o amarelo acariciou o concreto



A cidade é absoluta, tudo é preenchido com asfalto, cimento, aço, fios, vidro, grades e ferro.

Tudo é reto, anguloso, construído, planejado, comprado, utilizável e desgastável.

A cidade é um shopping center, uma ilha, onde reina apenas a cultura do homem.

E na cultura do homem cabe apenas o homem, todo o resto é apenas um incômodo detalhe.

O homem mergulhado em sua cultura é como um naufrago preso numa ilha.

O homem perdido na cidade, perdido em seu próprio mundo, refém de si mesmo.

Mas, na totalidade da cidade, no reinado absoluto da cultura humana, aparece uma fenda!

Caminhando pelos labirintos da cidade me deparo com uma aberração, algo de outro mundo.

O susto me tira do auto confinamento em minha própria ilha de pensamentos.

Saindo deles transponho também os labirintos da cidade, e assim, posso OLHAR!

Na minha frente a exuberância daquilo que a cultura humana jamais apagará.

Por uma rachadura na calçada da cidade, a cultura humana desmorona.

Silenciosamente, um magnifico ipê amarelo revela o que não pode ser dito.


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